A Montanha, Ken, recebe o Fogo, Li, formando Lü, o Viajante, Viagem, Aquele que Busca






O Fio da Meada







Sexta Linha      ___  ___               O
Quinta Linha         ___  ___          I Ching
Quarta Linha                ___  ___               do
Terceira Linha       _______          Caminho
Segunda Linha      _______               do
           Primeira Linha    _______              Céu





Janine Milward





TERCEIRO VOLUME

Os Hexagramas compostos por Ken, a Montanha,
a Quietude, o Mestre



Editora Estrela do Belém




O Fio da Meada


 I Ching do Caminho do Céu

Janine Milward

Direitos Reservados © 1997
Registro 142.090 Livro 230 Folha 433
Segunda Edição Revisada



Ken, a Montanha, recebe Li, o Fogo
formando
Lü, O Viajante, Viagem,
Aquele que Busca




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_______           Trigrama Visitante: Trigrama do Céu, em Li, o Fogo

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___  ___           Trigrama Estruturador: Trigrama da Terra, em Ken, a            Montanha





Para querer iniciar o recolhimento
É necessário consolidar a expansão
Para querer iniciar o enfraquecimento
É necessário consolidar o fortalecimento
Para querer iniciar o abandono
É necessário consolidar o amparo
Para querer iniciar a subtração
É necessário consolidar o aumento
Isso se chama Breve Iluminação.

Lao Tse, Tao Te Ching, Capítulo 36





Wu Jyh Cherng, em sua aula de interpretação do Capítulo 36, nos diz:

“Neste Capítulo, Lao Tse deixa bem claro que aquele que precisa suavizar e enfraquecer, primeiramente precisa fortalecer.  Aquele que pretende renunciar o abandonar, primeiramente precisa possuir o amparo.  Aquele que pretende subtrair ou extrair, precisa primeiramente aumentar a si próprio.  A tudo isso Ele chama de Breve Iluminação.

O que é Breve Iluminação?

É a Pequena Iluminação.

O que é Pequena Iluminação?

É saber, enxergar e chegar à Grande Conclusão através da pequena observação.  É saber ver o universo maior através da pequena observação, do pequeno empreendimento.

Essa compreensão fala de uma capacidade de contemplação que é extremamente útil, principalmente para aquelas pessoas que ainda não alcançaram a Grande Iluminação - que é pura e simples sabedoria, em toda a parte.

Como ainda não possuímos a sabedoria de compreendermos todas as coisas, precisamos saber compreender relativamente todas as coisas através da compreensão das pequenas coisas.

Lao Tse nos fala em como podemos ver - através de pequenos gestos - se a pessoa com quem estamos nos relacionando está sendo honesta ou não, verdadeira ou não.  Os pequenos gestos revelam o grande espírito.  Se não conseguirmos enxergar o Grande Espírito, o espírito inteiro, a personalidade completa da pessoa, muitas vezes podemos detectar a característica geral através dos pequenos gestos, hábitos, vícios e costumes e a maneira de se comportar.  Isso é uma pequena iluminação que a pessoa pode ter, uma pequena lucidez.”



Ken, a Montanha, a Quietude, a Imobilidade, a Serenidade, a Perenidade, o Mestre, o Filho mais Jovem, estruturando-se enquanto Trigrama da Terra, recebe Li, o Fogo, o Aderir, a Filha do Meio, herdeira direta de seu Pai, Ch'ien, o Céu, o Criativo, em termos da Luz que ilumina o Mundo da Manifestação, a Lucidez, a Consciência, o Condicionado, o Sol, o Espírito, enquanto Trigrama do Céu - e ambos formam o Hexagrama Lü, O Viajante, Viagem, Aquele que Busca.


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_______           Li, o Fogo, o Aderir, Trigrama do Céu
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___  ___           Ken, a Montanha, a Quietude, o Mestre, Trigrama da Terra


Este Hexagrama vai tratar de tudo aquilo que é permanente, sólido, estruturado ao longo de muito, muito tempo e de tudo aquilo que é efêmero, fugaz.  Também este Hexagrama apresenta o Mestre - o homem buscando se tornando Homem Sagrado - e sua busca de ampliação de sua Consciência... bem como este Hexagrama nos reforça o conceito da linha infinita da Vida e suas tantas e tantas encarnações, suas vivências sucessivas.

A Montanha, Ken,  mantém-se firme em sua Imobilidade e Quietude.  O Fogo, Li, o Aderir, o Condicionado, adere à Montanha e nela se condiciona, apenas enquanto ainda existe algo para funcionar como combustível.  Assim, quando nada mais resta para que o Fogo possa Aderir, o fogo desaparece.

Ken, a Montanha, é a Serenidade, é a Perenidade.  Li, o Fogo, é a Lucidez, a Perenidade da Consciência, sim, porém é também a Fugacidade. 

Enquanto Fogo Fugaz, Li, o Aderir, o Condicionado, crepita em seu permanente movimento de ascensão, no alto da Montanha, esta permanece em seu permanente movimento de descenso, em sua Quietude, em sua Perenidade, em sua Serenidade.  Este Fogo acontece, surge, chega, queima e some, desaparece, logo depois.

Neste sentido, dentro deste entrelaçamento entre a Perenidade e a Fugacidade das circunstâncias, das situações, das ações, dos eventos, das pessoas, podemos encontrar o primeiro - e mais óbvio - sentido de Lü, o Viajante, Viagem:  quietude interior aliada à leveza, à fugacidade e ao condicionamento exteriores.  O Viajante perambula pelo mundo em suas Viagens: o mundo é uma sucessão de Montanhas - rochas estruturadoras do Planeta Terra - e o Viajante é como o Fogo que não dura muito tempo em um mesmo lugar, movimenta-se - mesmo que tendo sempre que se Aderir, que se Condicionar a algo.  O Fogo, em Lü, o Viajante, a Viagem, é Fugaz e a Montanha é Perene.

Um redemoinho não dura uma manhã
Uma rajada de chuva não dura um dia.
De onde provêm essas coisas?
Do céu e da terra.

Se nem o céu e a terra podem produzir coisas duráveis,
Quanto mais os seres humanos?

Tao Te Ching, Capítulo 23


Porém, é preciso se pensar que existe o Fogo acontecendo ainda no centro do Planeta - e esse Fogo é tudo aquilo que ainda não foi transformado em acúmulo de Rochas, em Montanha!   Este Fogo é gerador de Vida e, neste caso, a Montanha é a mantenedora dessa Vida. 

Esse Fogo é um Fogo Perene e Primordial, advindo do Criativo, do Céu.  Esse Fogo Perene é visto, de forma inteiramente objetivada, ao alto do céu na imagem do Sol, aquele que nos traz a Vida.  Esse Fogo Solar realiza-se dentro de um tempo bem maior, acompanha a Montanha em sua Perenidade... e até supera o tempo de vida da Montanha!

Esse Fogo é visto, de forma mais subjetivada, enquanto a Lucidez advinda da Consciência - que por sua vez é advinda da Suprema Consciência  - o que torna Li, o Fogo, a herdeira direta de Ch'ien, o Céu, o Pai, o Criativo.

E Ken, a Montanha, toma para si a imagem de O Mestre - o Homem da Terra realizando-se enquanto Homem do Céu em seu Caminho da Iluminação e da Liberação ou Imortalidade.

A Montanha é a imagem do Mestre sentado em seu Silêncio.  O Fogo é a imagem da Lucidez, da Consciência que adere ao Mestre.

Neste sentido, em Lü, estaremos encontrando um outro título para este Hexagrama: Aquele que Busca.  Aquele que Busca, em sua Quietude, a Lucidez plena, a ampliação infinitizada da Consciência e da Vida.  É o Mestre.

Por tudo isso, podemos pensar que a fusão entre Montanha, Mestre, e Fogo, Lucidez, Consciência, Iluminação, em Lü, o Viajante, Viagem, Aquele que Busca, ora é vivenciada enquanto a Duração da Terra e ora é vivenciada enquanto a Constância do Céu.  Ou seja, ao longo de suas tantas e tantas encarnações e em seu processo de ampliação de sua Consciência, o Mestre é aquele que vai vivenciando a duração de cada encarnação em busca da Consciência advinda do Tao da Criação.

O céu é constante, a terra é duradoura
O que permite a constância e a duração do céu e da terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e duradouros

Capítulo 7, do Tao Te Ching


O céu é o tempo e a terra é o espaço. O tempo existe todo o tempo, o espaço vai se formando e (des)formando a partir do tempo. A verdade é que tempo e espaço se cruzam e entrecruzam todo o tempo e todo o espaço. Porém, quando o espaço termina de acontecer, permanece o tempo.

No entanto, tudo aquilo que restou do espaço duradouro e do tempo constante, em algum momento, novamente fusionados numa semente cósmica, explodem juntos dando vida a um novo universo de tempo e espaço.

No I Ching, o tempo constante é simbolizado pela linha Yang e contínua; e o espaço duradouro é simbolizado pela linha Yin e vazada, nos trazendo, dessa maneira, a noção da constância do tempo e da duração do espaço. O espaço é a matéria e a anti-matéria que, ao assumirem e re-assumirem sua eterna mutação, vão adentrando o tempo, que já existe anteriormente e posteriormente - por ser constante.

Ambos apenas existem e se existem dentro da constância e da duração é porque apenas criam, criam todo o universo, toda a natureza, todos os seres... mas não criam para si... apenas criam. E porque apenas existem e criam são constantes e duradouros.

Em outro Capítulo (51) , Lao Tse nos diz:

O Caminho gera, a Virtude cria
Fazem crescer, fazem nutrir
Fazem completar, fazem concluir
Fazem o sustento e fazem a cobertura
Geram, porém não se apossam
Agem, porém não retêm
Cultivam, porém não controlam
Isto chama-se Misteriosa Virtude.


O Caminho gera, a Virtude cria.... O Tao gera, o Te cria.... O tempo corresponde ao Tao - por ser constante. O espaço corresponde à Virtude - por ser duradoura, por se metamorfosear eternamente. O céu corresponde, então ao tempo e ao Tao. A terra corresponde, então, ao espaço (a matéria e a anti-matéria) e à Virtude.

Assim sendo, o que faz todo o universo ser gerado e criado é a fusão do Tao e do Te, do Caminho e da Virtude, do céu e da terra, do tempo e do espaço. E tudo pode assim existir simplesmente porque o Tao da Criação assim é, por natureza.... Assim nos diz Lao Tse em seu Capítulo 25:

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
O Caminho se orienta por sua própria natureza.




O Julgamento


O Viajante.  Sucesso através do que é pequeno.  A perseverança traz boa fortuna ao viajante.

Em Lü, O Viajante, Viagem, Aquele que Busca, são reveladas as questões da eternidade e da transitoriedade, de tudo aquilo que faz parte da Constância e de tudo aquilo que faz parte da Duração - e dentro da Duração, tudo aquilo que se apresenta através uma maior Perenidade ou uma maior Fugacidade.

Conservando a Grande Imagem
O mundo passa
Passa sem danos
Com tranqüilidade, serenidade e supremacia.

A música e as iguarias
Param o viajante
As palavras que nascem do Caminho
São insossas, carecem de sabor.

Olhar não é suficiente para vê-lo
Escutar não é suficiente para ouvi-lo
Usar não é suficiente para esgotá-lo.

Tao Te Ching, Capítulo 35


A Grande Imagem é o Tao em sua infinitude, em sua plenitude de não-mutação - todo o resto, dentro do Mundo da Manifestação, passa, entra em transmutação, encontra-se dentro da lei do eterno retorno.  Mesmo assim, Lao Tse nos diz que aquele que se volta para apenas vivenciar os prazeres apresentados pelo Mundo da Manifestação em seu processo Maya - ilusão e desilusão -, trata o Tao, o Caminho, a Grande Imagem, a vida verdadeiramente vivenciada dentro de sua infinitude, como algo insípido....  O viajante tende a realizar suas encarnações dentro apenas da consciência da efemeridade e não da eternidade.  E Lao Tse ainda arremata nos dizendo que as coisas do Mundo da Manifestação podem ser vistas, ouvidas, usadas... - mesmo que sejam coisas transitórias, impermanentes.... e as coisas do Mundo da Não-Manifestação estão muito além da simples visão, da simples escuta e do simples uso.

A Grande Imagem é a imagem do Mestre sentado em sua Quietude, é Aquele que Busca - e Encontra - seu Caminho da Iluminação e da Liberação ou Imortalidade através de sua Lucidez, da ampliação infinitizada de sua Consciência e de sua Vida.  Essa é a Grande Imagem que repousa sobre a Constância.

Quando estamos de passagem pelo Planeta - em nossas encarnações, em nossas vivências sucessivas -, estamos usufruindo da Duração e estamos diante das vivências sobre as questões mais susceptíveis de nos chamar a atenção, de evocar nosso desejo, de nos seduzir.

Porém, aquilo que está além dessa nossa atenção - dentro de um ponto de vista de Lü, o Viajante, Viagem - aquilo que está além de nosso desejo e de nossas sensações, é o que parece nos ser oferecido pelo Tao, pelo Caminho - dentro de um outro ponto de vista de Lü, Aquele que Busca.

O desejo de seduções e sensações trazidos pelo Mundo da Manifestação ao Viajante, é apenas uma ilusão do desejo.

O único desejo é advindo do Tao, provém do Vazio, do Nada e do Tudo  e do Todo, do Não-Desejo, da Não-Intenção, do Mundo da Não-Manifestação.

Esse único subjetivo desejo é traduzido pelas palavras do I Ching, no Julgamento:  Sucesso através do que é pequeno.  A perseverança traz boa fortuna ao viajante.

O ‘pequeno’ é a Linha Yin que se posiciona ao centro do Trigrama do Céu, é o Olho de Li, o Fogo, a Lucidez, a Consciência - em seu discernimento sobre tudo aquilo que representa transitoriedade e tudo aquilo que efetivamente representa eternidade.  A Linha ao centro de Li, o Fogo, no Trigrama do Céu é o lugar ocupado pelo Rei, a Consciência Iluminada, o Homem do Céu e a Linha Yin cercada de duas Linhas Yang significa a Receptividade ao Vazio contido dentro da Luz, o Mundo da Não-Manifestação que faz acontecer o Mundo da Manifestação.

Ainda podemos considerar o ‘pequeno’ enquanto as duas Linhas Yin pertencentes à Montanha, Linhas Primeira e Segunda, Linhas da Terra e do Homem da Terra, no Trigrama da Terra: a Abnegação, o Abranger, o Devocional, o Receptivo, o Vazio.
As demais Linhas Yang - Terceira Linha, o Céu no Trigrama da Terra; Quarta Linha, a Terra no Trigrama do Céu; e Sexta Linha, o Céu no Trigrama do Céu - são aquelas que aconselham: A perseverança traz boa fortuna ao viajante.

Dos menores gestos aos maiores gestos, de vivencia em vivencia, de encarnação em encarnação, o Homem da Terra  vai realizando-se através do ‘pequeno’ até alcançar a Grande Imagem, o Tao da Criação.  Sucesso através do que é pequeno.

De Duração em  Duração, encontra-se a Constância e lá se permanece: é a realização do Caminho da Iluminação  - com a Infinitude da Consciência - e do Caminho da Liberação ou Imortalidade - com a Infinitude da Vida.

O homem é aquele que, através da expansão infinita de sua mente e da iluminação de sua consciência, pode transitar entre esses dois mundos, tornando-se de homem a Homem Sagrado. E é sobre isso que Lao Tse nos fala na segunda estrofe do Capítulo 7:


Assim,
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás
e o Corpo avança
Além do corpo, o Corpo permanece
Através do não-corpo, conclui o Corpo


Então, Lao Tse diz também ao homem que ele, sendo parte da geração e da criação, pode também ser o co-regente do Tao da Criação da natureza.... Como? Através de sua Sagração.

O que é a Sagração do Homem? Lao Tse nos diz para nos assemelharmos ao tempo e ao espaço, ao céu e à terra, ao Tao e ao Te, ao Caminho e à Virtude.

A consciência iluminada é aquela que faz o homem aprender a "deixar seu corpo para trás"... ou seja, sendo o corpo matéria e sendo matéria a correspondência da duração (por estar sendo sempre transformada), a busca do Homem Sagrado é ser constante como o tempo fusionado à duração do espaço.

Assim como acontece com as estrelas em nosso universo, por exemplo.

...............


O Mundo da Manifestação e o Mundo da Não-Manifestação

Quando uma estrela explode ejeta na Galáxia gases e partículas que em algum tempo e em algum espaço se condensarão e formarão outra estrela com seus planetas girando em torno de si e, quem sabe, gerando vida... Assim, elementos leves e elementos pesados se fundem alquimicamente fazendo e refazendo, criando e re-criando, numa re-encarnação quase eterna, a natureza, os seres, nós.

Somos, então, poeira de estrelas. Em nossos ossos, nossas veias, nossa carne, todo nosso corpo, estão re-encarnados os elementos químicos provenientes de estrelas que viveram antes de nós e que morreram e ao morrerem, nos proporcionaram a vida tal como a vivemos e conhecemos.

Sendo poeira de estrelas, temos em nosso corpo e consequentemente em nossa mente, guardados toda a herança deixada pelas estrelas nossas antecedentes, como uma árvore genealógica da galáxia, do universo em que vivemos. Assim, existe dentro de nós e em nós o passado, o presente e o futuro, tudo dentro de nossa vida, numa mesma simultaneidade do universo.

Assim é o nosso corpo dentro do tempo e do espaço em que existimos. No entanto, sendo poeira de estrelas, podemos voltar a ser uma estrela?

O que dentro de nós certamente pertence à totalidade desse universo, que com ele junto nasceu, que anteriormente a ele já existia e quando ele morrer, não morrerá e junto com a semente que restou do universo que findou, explodirá em um novo universo?

O espírito do Tao.

O Espírito do Tao que gera o Tudo dentro do Nada e que cria o Todo... esse espírito vive em cada tempo e espaço do universo que conhecemos. Esse espírito vive na Terra, no Sol, na Lua, na Galáxia, nas outras estrelas, nas outras Galáxias, em mim, em você.

A consciência expandida significa a assunção do Espírito do Tao através do Caminho da Iluminação, inicialmente, e posteriormente através do Caminho da Imortalidade ou Liberação.
Trilhar esses caminhos significa trabalhar o corpo - herança da re-encarnação das estrelas do universo - para nele conter não apenas uma parte do Todo do Universo mas também o Tudo e o Nada gerados pelo Tao através do Espírito.

Assim,
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança
Além do corpo, o Corpo permanece
Através do não-corpo, conclui o Corpo


O Homem Sagrado é aquele que já alcançou a Iluminação, possuindo, portanto, consciência iluminada e infinita, sabedora de sua herança da re-encarnação das estrelas do universo e contenedora do Espírito do Tao.

O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança

Esse corpo feito de poeira de estrelas, já contendo em si mesmo a consciência iluminada e infinita, busca trazer para si mesmo a Luz dessas estrelas da qual faz parte - dentro da simultaneidade do universo.

Luz é matéria. Trazer a Luz à matéria do corpo é o trabalho realizado dentro do Caminho da Imortalidade ou Liberação. O Homem Sagrado, ao se aproximar e se fusionar mais e mais com o Espírito do Tao, gera e cria para si mesmo sua própria Luz, como se, pouco a pouco, fosse se tornando uma estrela, voltando a ser uma estrela, fazendo seu corpo acompanhar a Luz que já existe de forma subjetiva em sua consciência expandida, infinita e iluminada pela Luz do Tao.

Além do corpo, o Corpo permanece

Este processo alquímico vai acontecendo de forma que o corpo físico vai sendo "tomado" pela Luz que o ilumina, fazendo-o então tomar a forma de um Corpo de Luz. Esse Corpo de Luz é constante enquanto o corpo é duradouro.

Através do não-corpo, conclui o Corpo

Finalmente, o corpo físico, poeira de estrelas, herdeiro da re-encarnação das estrelas do universo, já plenamente fusionado à Luz do Espírito do Tao, deixa de ser corpo - agora é o não-corpo - concluindo o Corpo, o Corpo de Luz, o Corpo Espiritual.

O Corpo de Luz do Homem Sagrado traz em si mesmo O Tao, O Caminho, e A Virtude, o tempo e o espaço, o céu e a terra, a constância e a duração e retorna à sua fonte primordial, volta a ser uma estrela.

(Uma estrela espiritual, certamente, pertencente ao Mundo da Não-Manifestação, pronta a ser materializada no Mundo da Manifestação)





A Imagem


Fogo sobre a Montanha:  a imagem do Viajante.
Assim, o homem superior é claro e  cauteloso ao aplicar os castigos, e não prolonga os litígios.


O I Ching nos diz que Hexagramas compostos por Li, o Fogo, juntamente com Chen, o Trovão - Morder e Abundância - apresentam questões voltadas para a aplicação de processos judiciais.  Também na Imagem de Lü, O Viajante, Viagem, Aquele que Busca, estaremos encontrando esta possibilidade - mesmo porque duas Linhas - a Terceira e a Sexta - apresentam incêndios e infortúnios e perigos envolvendo todos aqueles voltados para o exercício da Viagem.

No entanto, como vimos anteriormente, existem antagonismos intensos entre Ken, a Montanha, enquanto Trigrama da Terra acolhedor do Trigrama do Céu, em Li, o Fogo, porquanto a Montanha possui movimento intensamente descendente e o tom da perenidade e o Fogo possui movimento intensamente ascendente e o tom da transitoriedade, da efemeridade.  Sendo assim, a Montanha aconselha Cautela, Serenidade,  enquanto o Fogo aconselha a Claridade do Julgamento, a Lucidez, o bom Discernimento, fazendo com que os obstáculos que possam impedir a Viagem do Viajante, dAquele que Busca, sejam rapidamente extirpados, extinguidos - assim como a Montanha permanece por um longo tempo em suas virtudes e assim como o Fogo ao alto da Montanha queima ao aderir ao capim mas tende a rapidamente apagar, arrefecer, terminar.

Neste momento, podemos retornar ao começo de nossas palavras sobre Lü, o Viajante, Viagem, Aquele que busca, quando transcrevemos um pedaço da interpretação de Wu Jyh Cherng sobre um dos Capítulos do Tao Te Ching, de Lao Tse - que trata das questões voltadas para a infinitude e para a transitoriedade, para a impermanência das coisas do Mundo da Manifestação e da permanência das coisas do Mundo da Não-Manifestação, das  questões voltadas para as pequenas coisas (assim como viemos vendo em relação ao Fogo, Li, em Lü, Viagem) e para as grandes coisas (em relação a Ken, a Montanha):


“O que é Breve Iluminação?

É a Pequena Iluminação.

O que é Pequena Iluminação?

É saber, enxergar e chegar à Grande Conclusão através da pequena observação.  É saber ver o universo maior através da pequena observação, do pequeno empreendimento.

Essa compreensão fala de uma capacidade de contemplação que é extremamente útil, principalmente para aquelas pessoas que ainda não alcançaram a Grande Iluminação - que é pura e simples sabedoria, em toda a parte.

Como ainda não possuímos a sabedoria de compreendermos todas as coisas, precisamos saber compreender relativamente todas as coisas através da compreensão das pequenas coisas.

Lao Tse nos fala em como podemos ver - através de pequenos gestos - se a pessoa com quem estamos nos relacionando está sendo honesta ou não, verdadeira ou não.  Os pequenos gestos revelam o grande espírito.  Se não conseguirmos enxergar o Grande Espírito, o espírito inteiro, a personalidade completa da pessoa, muitas vezes podemos detectar a característica geral através dos pequenos gestos, hábitos, vícios e costumes e a maneira de se comportar.  Isso é uma pequena iluminação que a pessoa pode ter, uma pequena lucidez.”





Trigramas e Hexagrama Nucleares


Os dois Trigramas Nucleares são Tui, o Lago, no Trigrama Superior, e Sun, o Vento, a Madeira, no Trigrama Inferior.  Encontramos, então, o Hexagrama  Ta Kuo, Preponderância do Grande, que avisa sobre a força existente no interior e a ausência de força no exterior ( duas Linhas Yin ocupando as posições Primeira e Sexta e quatro Linhas Yang ocupando o miolo do Hexagrama), fazendo com que as circunstâncias possam ser levadas a uma situação pouco agradável, em perdas e em cisões. Por isso, o I Ching diz, no Texto do Julgamento:  A viga-mestra cede a ponto de quebrar.  E comenta: o começo e o fim são fracos.


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Lü, Viagem                   Lago                Vento               Ta Kuo, Preponderância do Grande

Esse Começo e esse Fim podem significar a fugacidade do Aderir do Fogo no capim existente no alto da Montanha: chega, arde e consome-se em si mesmo.  Daí o I Ching nomear este Hexagrama ora comentado, Lü, como Viagem, Viajante, ou seja, algo que tem um começo e um meio e um fim - e tudo podendo acontecer rapidamente  e que se diferencia da vida como um todo  pois esta possui um tempo maior de duração...., mesmo que também possa vir a ser considerada uma encarnação como uma Viagem e o Caminhante como o Viajante.
Ta Kuo, Preponderância do Grande, nos revela algumas imagens:

Primeiramente, a imagem de um excesso, um exagero de forças no interior - reveladas pelas quatro Linhas Yang que unem os Trigramas da Terra e do Céu em suas Linhas do Homem da Terra, Céu da Terra, Terra do Céu e Homem do Céu.  E existe a carência de forças no exterior - reveladas pelas Linhas Yin nos lugares de Terra da Terra e Céu do Céu, Primeira e Sexta Linhas.

Para que todo esse excesso, esse exagero de forças fique ainda mais intensificado, existem os dois Trigramas Nucleares em Ch'ien, o Céu, a Força.

Nesse caso,  a atuação do homem superior deve ser de lucidez e cautela, sim, porém também de Alegria e de Suavidade - assim como os Trigramas do Céu e da Terra propõe, em Atributos de Tui, o Lago, e Sun, o Vento, a Madeira.

Lao Tse nos diz em seu Capítulo 33 do Tao Te Ching:

Quem conhece os homens é inteligente
Quem conhece a si mesmo é iluminado.
Vencer os homens é ter força
Quem vence a si mesmo é forte
Quem sabe contentar-se é rico
Agir fortemente é ter vontade.

Quem não perde sua residência, perdura
Quem morre mas não perece, se eterniza.


A outra imagem trazida por Ta Kou, Preponderância do Grande, é a que nos fala sobre a vida e a morte, a vida e a não-vida, a Luz e a Não-Luz; sobre a contenção da grande luz da vida, dentro da fragilidade do corpo que a contém.  Ta Kou nos fala sobre o Espírito contido   na Alma encarnada no corpo físico,  na matéria.  Neste sentido, Ta Kou nos fala do caixão (Sun, o Vento, a Madeira) que penetrou no Lago, Tui.  Assim os mortos ficam alegres.

Lao Tse nos diz em seu Capítulo 76 do Tao Te Ching:

O homem, ao nascer é tenro e brando
Ao morrer, é rígido e duro
............................
Por isso, os rígidos e duros são companheiros da morte
Os tenros e brandos são companheiros da vida




As Linhas


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Em Lü, Viajante, Viagem, Aquele que Busca, Ken, a Montanha, acolhendo Li, o Fogo, estaremos encontrando movimentações antagônicas: a Montanha tem movimento descendente e apresenta seu tom de maior perenidade nas situações; o Fogo tem movimento ascendente e apresenta seu tom de maior efemeridade nas situações.

No entanto, dependendo do Tema que está sendo apresentado ao I Ching enquanto Oráculo e enquanto situação a ser vivenciada, a Montanha poderá estar acolhendo o tom de O Mestre e o Fogo poderá estar acolhendo o tom de A Lucidez.

Sendo assim, o Viajante poderá envergar-se da posição de Homem da Terra buscando seu Caminho enquanto Homem do Céu - e fazendo, com isso, bem prevalecerem as Linhas Segunda e Quinta do Hexagrama (sendo que esta última é a Linha Governante); ou o Viajante poderá estar encarando esta Viagem como um momento de transitoriedade em sua vida, recém saindo de um desenraizamento e buscando por um novo enraizamento.  Poderemos também considerar a Viagem como uma das tantas e tantas encarnações que acontecem aos seres.

Enfim, o Hexagrama Lü, Viagem, o Viajante, Aquele que Busca, pode ser lido e interpretado dentro de algumas diferentes maneiras, ou seja, de maneira mais aprofundada ou de maneira mais superficial, levando em conta uma situação de maior perenidade ou uma situação de maior efemeridade.

Através as Seis Linhas, estaremos encontrando também essas dicotomias sendo apresentadas, inicialmente, pelo fato de que apenas as Linhas Segunda e Terceira encontram-se idealmente corretas.  Depois, temos que levar em conta o fato de que nenhuma das Linhas possui correspondência com a outra, da forma idealmente harmoniosa e em termos de seus posicionamentos ideais - assim como segue:

A Primeira Linha é Yin e idealmente incorreta e possui uma relação simpática com a Terceira Linha, Yang e idealmente correta e ambas apresentam o começo e a conclusão de Ken, a Montanha, no Trigrama da Terra.  Entretanto, na Terceira Linha, estaremos diante do fato de que o servidor da hospedaria - a Primeira Linha - perde seu lugar de trabalho bem como a confiança que foi depositada em si pela Segunda Linha! 

A Primeira Linha, sendo Yin, está idealmente incorreta e sua correspondência com o verdadeiro final do Hexagrama, a Sexta Linha, também não acontece de forma harmoniosa pois esta última também se encontra idealmente incorreta - Linha Yang em lugar idealmente Yin.  Portanto, a Primeira Linha não ter muita força para dar seguimento à aventura do Viajante, à Viagem, a Aquele que Busca, e por outro lado, a Sexta Linha, bem ao contrário, não quer concluir seu avanço, recusa-se em retornar, recusa-se a trazer uma conclusão à Viagem. 

E encontraremos também a Primeira Linha Yin e idealmente incorreta buscando uma correspondência com a Quarta Linha - porque ambas dão início aos Trigramas da Terra e do Céu - mas a Quarta Linha é também idealmente incorreta, por ser Yang!  Mesmo assim, a Quarta Linha traz um tom de acomodamento mais confortável - embora transitório - tanto para a Segunda Linha, o Viajante enquanto Homem da Terra e buscando seu lugar enquanto Homem do Céu, quanto  para a Primeira Linha, que atua enquanto o servidor da hospedaria que se incendeia e seguidor do Viajante.

Sendo assim, tudo aquilo que parece ter similitude com a Primeira Linha, é apenas algo que traz um tom de incorreção... já a partir da própria Primeira Linha, Yin e idealmente incorreta.

A verdade é que encontraremos a Primeira Linha tendo uma união mais nítida e simpática quando a Segunda Linha - Yin e idealmente correta - a considera enquanto seu bom servidor e lhe traz dignidade.  Sendo a Segunda Linha o lugar do Homem da Terra, esta união com a Primeira Linha também lhe traz essa intitulação - o que tornam ambas estas Linhas merecedoras da atenção do Rei, na Quinta Linha.


A Segunda Linha é Yin e idealmente correta porém não encontra correspondência total e ideal com a Quinta Linha - que se apresenta Yin e idealmente incorreta!  No entanto, a Segunda Linha - o Viajante atuando enquanto Homem da Terra, encontra seu lugar enquanto Homem do Céu, na Quinta Linha, ao apresentar ao Rei, o verdadeiro dono da quinta posição, seus bons trabalhos merecedores de elogios e de cargos de autoridade, no reino.  Portanto, eu penso que o Viajante ocupa tanto a Segunda Linha - Yin e idealmente correta - como a Quinta Linha - Yin e idealmente incorreta (mas a Linha Governante do Hexagrama!).  Sendo assim, o Viajante encontra a conclusão de suas metas de Viagem ao dar continuidade à sua Viagem, saindo da Segunda Linha (onde encontra sua união com a Primeira Linha, o servidor da hospedaria), passando pelos dissabores da Terceira Linha, idealmente correta porém seguindo a impetuosidade da Linha Yang seguinte, a Quarta Linha idealmente incorreta, que, por sua vez, faz com que a hospedaria se incendeie e cause uma perda de confiança entre Viajante e servidor da Terra... mas apresentando-se enquanto servidor do Céu e dando transitória guarida ao Viajante, de forma que este possa encontrar-se com sua realização de Viagem, enquanto Homem do Céu, na Quinta Linha.  Finalmente, na Sexta Linha, Yang e idealmente incorreta, existe o tom de recusa de conclusão da Viagem - algo que já aconteceu em bom nível na Linha anterior, na quinta posição, fazendo com que a Segunda Linha possa encontrar alguns infortúnios e perca tudo aquilo que conquistou em sua Viagem, naquilo que Buscou.


A Terceira Linha é Yang e idealmente correta porém, em sendo a Linha de Transição entre os Trigramas da Terra e do Céu e em estando tão próxima da Quarta Linha também Yang porém idealmente incorreta, deixa de lado a Quietude de Ken, a Montanha, para Aderir ao Fogo de Li, o Condicionado, fazendo com que a hospedaria (Montanha no Trigrama da Terra) se incendeie (Fogo no Trigrama do Céu).  Tudo isso traz um desgaste muito grande entre as Linhas Primeira e Segunda que haviam se reunido para alcançarem a Quinta Linha - questão que conseguem realizar, certamente, porque a Quinta Linha é a Governante do Hexagrama e é o centro do Trigrama do Céu, em Li, o Fogo, a Lucidez, a Consciência.

Podemos ver que tanto a Terceira Linha quanto a Sexta Linha se apresentam através a Linha Yang - idealmente correta na Terceira posição mas idealmente incorreta na Sexta posição - e em ambos os textos, o I Ching fala em incêndio e em infortúnios e perigos....  No caso da Terceira Linha por sua urgência em assumir o Trigrama do Céu e lá encontrar Li, o Fogo, e no caso da Sexta Linha por ainda fazer acontecer o infortúnio do Fogo em incêndio dentro daquilo que está distante demais e  inteiramente fora do encalço possível do Viajante.


A Quarta Linha é Yang e idealmente incorreta porém apresenta-se de forma bem digna enquanto servidor do Rei, da Quinta Linha, a Linha Governante do Hexagrama, e pode proporcionar um pouso transitório para o Viajante e o impulsiona para sua entrada na Linha onde encontrará sua Lucidez e onde poderá concluir sua Viagem em bom nível de aceitação das autoridades e do público.  No entanto, por ser idealmente incorreta e agir de forma simpática, a Quarta Linha apresenta-se através um coração descontente.

A Quinta Linha é a Governante do Hexagrama, a Linha do Rei, a Linha da Consciência Ampliada e Iluminada - embora seja uma Linha Yin e idealmente incorreta.  O desenho de Li, o Fogo, com duas Linhas Yang na extremidade e uma Linha Yin ao centro parece mostrar um Olho: é a Lucidez que o Mestre, em Ken, a Montanha, precisa adquirir enquanto Viajante, em suas Viagens, em sua Busca.  E essa Lucidez é uma ação Yin e receptiva das verdades da vida, da Viagem, do Viajante, dAquele que Busca.  Essa Lucidez é premiada pelo verdadeiro dono da quinta posição, o Rei, ao Viajante, com algum cargo público, com algum tipo de concretização da Proficiência alcançada por Aquele que Busca.  A Quinta Linha é o lugar do Homem do Céu alcançado pela Viagem realizada pelo Viajante, o Homem da Terra.


A Sexta Linha é Yang e idealmente incorreta e por estar ao alto do Trigrama do Céu e em Li, o Fogo, em seu movimento tão intensamente ascendente..., recusa-se a acatar as considerações realizadas e bem concretizadas na Quinta Linha e teima em seguir adiante... encontrando apenas infortúnios em seu caminho, mesmo que, a princípio, não creia que isso possa acontecer... mas chora lágrimas de tristeza, mais tarde.


É interessante se notar o fato de que o Hexagrama Lü, O Viajante, Viagem, Aquele que Busca, nos apresenta um começo timidamente iniciado pela Primeira Linha porém ratificado pela Segunda Linha... e apresenta obstáculos a serem vencidos no miolo da Viagem, na Terceira Linha e algum simples e transitório apoio na Quarta Linha e apresenta os louros da glória sendo alcançados meritosamente, na Quinta Linha.  No entanto, me parece que a Quinta Linha anuncia a conclusão da questão encetada pelo Viajante, por Aquele que Busca, pela Viagem....  porque a Sexta Linha funciona como um tipo de penalidade, digamos assim, se acaso a conclusão da Viagem não for acatada!

É um Hexagrama que possui começo, meio e fim e ainda após o fim... e apenas as Linhas voltadas para a ratificação do começo - a Segunda Linha - e o miolo da situação e suas vicissitudes de Viagem - a Terceira Linha - são Linhas idealmente corretas.  Todas as demais Linhas são idealmente incorretas e com suas correspondências opostas e complementares também idealmente incorretas... o que traz um tom de favorabilidade, sim, dentro das várias dificuldades que vão se apresentando ao longo de Lü, o Viajante, Viagem, Aquele que Busca.

Me parece que fica bem claro que o importante é o Caminhar - embora exista uma premiação sobre este Caminhar, um Caminho mais bem definido, na Quinta Linha.... - e me parece que fica bem claro que, queiramos ou não, sempre chega um momento em que a Viagem (no Mundo da Manifestação) precisa chegar ao fim e todo e qualquer esforço para a manutenção dessa mesma Viagem será inútil e trará infortúnios ao Caminhante..... embora todo final de uma Viagem já seja a preparação para o começo de uma outra Viagem, seja dentro de uma mesma vida, de uma mesma vivência sucessiva, de uma mesma encarnação... ou seja em encarnação futura.







Linha a Linha





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___  ___           Primeira Linha


Se o viajante se ocupa com coisas banais, atrai sobre si a desgraça.

A Primeira Linha é Yin e idealmente incorreta.  Por ser uma Linha fraca em lugar idealmente forte - e, ainda acrescentado ao fato de que a Montanha pressupõe compreensão das coisas infinitas -, o I Ching aconselha ao Viajante não se ocupar com coisas pequenas, banais - porque agindo assim, poderá atrair para si algum tipo de desgraça, seja ela objetiva ou seja ela subjetiva.

Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 35:

A música e as iguarias
Param o viajante.
As palavras que nascem do Caminho
São insossas, carecem de sabor.

A Primeira Linha ainda se encontra no sopé da Montanha, Ken, e não bem compreende o Mestre que ali repousa, em sua Quietude, em sua busca pela infinitização da mente e da vida.  Ao mesmo tempo, a Primeira Linha ainda se encontra muito distante do Trigrama do Céu - bem como da Quarta Linha que lhe é correspondente -, no Aderir fugaz de Li, o Fogo, ou na Clareza suficiente da Lucidez de Li, o Fogo, para bem compreender entre a inutilidade da aparente beleza e a utilidade da aparente feiúra.





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___  ___           Segunda Linha
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O viajante chega a uma hospedaria.  Traz consigo seus pertences.  Ele conquista a perseverança de um jovem servidor.

O desenho das Linhas em Ken, a Montanha, se apresenta enquanto Portal, Templo, ou mesmo, uma casa, uma cabana - uma hospedaria.  O Fogo, Li, no Trigrama do Céu, indica a Viagem, o Viajante.  Tui, o Lago, a Alegria, brinda o Viajante com um sentimento prazeroso e Sun, o Vento, a Suavidade, faz com que o Viajante aja de maneira suave e ao mesmo tempo, busque por um lugar seguro para estar, a hospedaria que Sun, a Madeira, o Penetrante, pode proporcionar.  Também o I Ching diz que Sun, o Vento, a Madeira, significa mercado, um lugar que traz provisões à hospedaria, um lugar que provê o Viajante dos pertences que necessita para encetar sua Viagem.

A Segunda Linha é Yin e idealmente correta e por isso é apresentada pelo I Ching dentro de boas perspectivas para a Viagem, para o Viajante, para Aquele que Busca: O viajante chega a uma hospedaria.  Traz consigo seus pertences. 

A Segunda Linha é o lugar do Homem da Terra e por esta razão, o I Ching diz:  Ele - o Viajante -  conquista a perseverança de um jovem servidor - a Linha Yin e idealmente incorreta na Primeira Posição.

Esta boa adesão entre o Viajante e o jovem servidor pode ser vista através as duas Linhas Yin pertencentes ao Trigrama da Terra, em Ken, a Montanha.  E a verdade é que, ainda dentro do Trigrama da Terra, em Ken, a Montanha, essas duas Linhas juntam-se e fortalecem-se dentro das premissas da Segunda Posição, o lugar do Homem da Terra, ou seja, ainda o Viajante é visto enquanto Homem da Terra bem como seu Servidor.





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_______           Terceira Linha
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A hospedaria do viajante incendiou-se.  Ele perde a perseverança de seu jovem servidor.  Perigo.

A Terceira Linha é Yang e idealmente correta e representa o cume da Montanha - ou a hospedaria que encontra sua finalização, sua conclusão, de alguma forma.  Uma dessas formas é o incêndio comentado pelo I Ching e esse incêndio pode ser significado pelo Trigrama do Céu em Li, o Fogo, o Aderir, o Condicionado: A hospedaria do viajante incendiou-se. 

O fato de a Quarta Linha ser Yang e idealmente incorreta, traz muita força em relação ao princípio do Trigrama do Céu, em Li, o Fogo, e acaba fazendo com que a cobertura, digamos assim, da cabana, da hospedaria, esteja também voltada para Aderir ao Fogo - porque a Terceira Linha do Trigrama da Terra sempre busca galgar o posicionamento no Trigrama do Céu.

Um incêndio pode ser ainda mais fortalecido pela presença de Sun, o Vento ou a Madeira e é necessário a água advinda de um algum lugar onde ela é preservada - Tui, o Lago -, para que se possa dominar o incêndio.  De qualquer forma, o incêndio - maior ou menor - termina rapidamente.  Porém, ao longo de sua ação e ao final desta, mostra a conclusão de situações.  Sendo assim, o I Ching diz: Ele perde a perseverança de seu jovem servidor.  Ou seja, a Terceira Linha sentem-se por demais motivada pela Quarta Linha - Yang e idealmente incorreta porém com muita força para ‘puxar’ a Terceira Linha para o Trigrama do Céu e deixar de lado, para trás, as duas Linhas Yin - do servido e do Viajante atuando ambos enquanto Homens da Terra.

Vemos, portanto, que em Lü, Viagem, o Viajante, o Trigrama da Terra, em Ken, a Montanha, vai designar o lugar onde o Viajante se hospeda (no próprio desenho das Linhas, formando uma casa); vai designar o Viajante em si (a Segunda Linha, Linha do Homem da Terra); e vai designar um servidor, um ajudante também podendo ser compreendido enquanto Homem da Terra (a Primeira Linha, Linha da Terra no Trigrama da Terra).

A Primeira Linha ainda tem muito o que aprender, é apenas um aprendiz de Viajante, digamos assim.  A Segunda Linha já se encontra consciente de sua Viagem e é cautelosa e possui ajuda, pertences, guarida.  Ambas as Linhas são portadoras das Virtudes de K'un, a Terra, o Sublime Yin: humildade, cautela, perseverança.

A Terceira Linha é uma Linha de Transição.  Por ser Yang - mesmo que idealmente correta -, ela personaliza o Viajante que se separa tanto da perseverança do ajudante da Primeira Linha como também das Virtudes da humildade e da cautela (ainda da própria perseverança) constantes da Segunda Linha.  E mais ainda, a Terceira Linha sente-se irresistivelmente atraída pela Quarta Linha, forte, Yang e idealmente incorreta.

Por tudo isso, o I Ching diz:  Perigo.

Podemos também entender que o Perigo provêm do fato de que a Terceira Linha Yang e idealmente correta, seja o centro do Trigrama Nuclear Inferior, em Sun, o Vento, a Suavidade, a Madeira, o Penetrante, e seja o começo do Trigrama Nuclear Superior, em Tui, o Lago, a Alegria, o Metal.  Em Sun, o Vento, existe a virtude da Suavidade porém existe também a Madeira, em sua virtude de Penetração (e a Madeira pode pegar fogo, aderir ao Fogo (e fazer a Penetração do Fogo ao longo do toda a hospedaria - sendo o Fogo encontrado no Trigrama do Céu e atiçado pela Quarta Linha Yang  e idealmente incorreta).  Tui, o Lago, trouxe Alegria ao Viajante, sim, mas não mais traz essa Alegria à Terceira Linha porquanto o prepara para o uso do Metal, da Arma, para sair-se de sua situação pouco agradável.





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________          Quarta Linha
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O viajante descansa num abrigo.  Ele obtém sua propriedade e um machado.  Meu coração não está contente.

A Quarta Linha é Yang e idealmente incorreta.  No entanto, pelo fato de ser o início do Trigrama Li, o Fogo, em a Lucidez, a Consciência, e por trazer a conclusão ao Trigrama Nuclear Inferior, em Sun, o Vento, a Suavidade, a Madeira, a Penetração, faz com que o Viajante - mesmo já distanciado de sua hospedaria original (que Aderiu ao Fogo, incendiou-se), encontra uma situação, mesmo que temporária (pelo fato de a Linha ser idealmente incorreta) em outra hospedaria e mantendo alguns de seus pertences, realmente.  Daí o I Ching dizer: O viajante descansa num abrigo.  Ele obtém sua propriedade......

Porém, pelo fato de a Quarta Linha se situar enquanto o centro do Trigrama Nuclear Superior, em Tui, o Lago, a Alegria, o Metal, uma outra questão é levantada pelo I Ching: Ele obtém sua propriedade e um machado.  O Metal, virtude de Tui, o Lago, encontra seu lugar enquanto um machado, uma arma (porque o I Ching menciona o fato de que também Li, o Fogo, pode significar armas), para se defender de eventuais problemas - pelo fato de a Quarta Linha ser Yang em lugar idealmente Yin, ou seja, ainda poder atuar de forma muito intensa ao invés de atuar de forma mais receptiva: eis o grande desafio da Quarta Linha! 

E por todas estas razões - ausência de estabilidade de moradia, de hospedagem (mesmo que trazendo seus pertences pessoais) e necessidade de boa atenção em relação aos perigos e vicissitudes que rondam o Viajante (daí o machado), o I Ching conclui:  Meu coração não está contente.

Possivelmente, o coração esteja situado na Linha Yin - mesmo que idealmente incorreta - ocupando a Quinta Posição, o lugar do rei, da consciência ampliada e esta mesma Linha é considerada a Governante do Hexagrama.  A Quarta Linha sabe sobre aquilo que fará o coração do Viajante feliz e esta felicidade somente poderá ser alcançada quando atingir a posição da Quinta Linha.





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____  ___           Quinta Linha
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Ele atira num faisão.  Este cai à primeira flechada.  Ao final, isso lhe traz elogios e um cargo.

A Linha ao centro do Trigrama Li, o Fogo - estabelecido no Trigrama do Céu e sendo acolhido por Ken, a Montanha, no Trigrama da Terra -, apresenta o caminho do meio que traz a Lucidez, a Consciência e o real Aderir de Li, o Fogo, dentro da receptividade e da abrangência e da humildade que sempre encontramos na Linha Yin, no Sublime Yin.

Mesmo sendo uma Linha Yin e idealmente incorreta para a posição da Quinta Linha, para o lugar do rei, da consciência ampliada e vigorosa em suas atitudes, esta Linha é a Governante do Hexagrama Lü, O Viajante, Viagem, Aquele que Busca, devido ao fato de que é bem neste lugar que o Viajante, Aquele que Busca, a Viagem, encontra seu louvor, sua real função, seu propósito, sua meta, seu goal!

Quando o I Ching diz para a Quinta Linha:  Ele atira num faisão.  Este cai à primeira flechada.  ........, está afirmando e confirmando o parágrafo mais acima, ou seja, aquilo que se Busca está sendo Alcançado, o Viajante está cumprindo em encontrar aquilo que veio buscar, a Viagem está cumprindo em ofertar aquilo que o Viajante veio buscar.

Portanto, a Quinta Linha apresenta o Viajante, Aquele que Busca - e a Viagem propriamente dita - já enquanto o Homem do Céu, já alcançando a ampliação da consciência.  E é por isso que a Linha, mesmo sendo Yin e idealmente incorreta, realiza-se enquanto a Linha Governante do Hexagrama.

Li, o Fogo, fala de Faisão e Tui, o Lago, o Metal, fala sobre as Armas (a flecha) que também são mencionadas pelo I Ching quando se trata de Li, o Fogo, a Lucidez, o Aderir.  Nesta fusão entre Trigrama do Céu e Trigrama Nuclear Superior, encontram-se as questões voltadas para o fato de o Viajante apontar certeiramente para o faisão e este cair à primeira flechada.

No entanto, tudo isso acontece em função de alguém - uma autoridade maior - que está por detrás da Linha Yin ocupada pelo Viajante, por Aquele que Busca, na Quinta Posição!  É que o Rei será aquele que compreenderá todo o bom esforço do Viajante, dAquele que Busca, da Viagem propriamente dita, e o brindará  com um cargo bem como elogios serão escutados por toda a parte. Ao final, isso lhe traz elogios e um cargo.

Os elogios provêm de Tui, o Lago, a Boca, a Alegria, e o cargo provém da Linha Yin ao centro do Trigrama da Lucidez, em Li, o Fogo.  A maturidade do Mestre, em Ken, a Montanha, também acontece e aliada à Lucidez de Li, o Fogo, apresenta o Viajante como alguém capaz de bem atuar o cargo ofertado pela autoridade - onde quer que seja e em que função for - isso lhe traz elogios e um cargo.  E o sentido de Ao final acontece a partir do fato de que Tui, o Lago, se posiciona no Oeste, o lugar das conclusões dos ciclos que tiveram seus começos em Chen, o Trovão, ao Leste.


Sendo a Quinta Linha a representação do Homem do Céu, ela apresenta o Viajante que se mostra ao mundo, que se revela.  É o homem superior que se tornar Aquele que Busca, Lü.  É o centro do Trigrama do Céu, em Li, o Fogo, a Chama, a Lucidez, o Olho que a tudo Vê.  É o Viajante que encontrou seu rumo, podendo assim, orientar a todos os outros em suas Viagens.  E não podemos nos esquecer que tudo isso acontece em Linha Yin, humilde, abrangente, receptiva, devocional.


Os bons realizadores da antiguidade eram sutis, maravilhosos, misteriosos e despertados
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Eram reservados como o hóspede
...............................................................
Eram vazios como os vales.

Tao Te Ching, Capítulo 15


Assim, o Homem Sagrado nunca age como grande
Por isso, pode atingir sua grandeza.

Tao Te Ching, Capítulo 34





________          Sexta Linha

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O ninho do pássaro é incendiado.  Primeiro o viajante ri, mas depois há de lamentar-se e chorar.  Por um descuido perde sua vaca.  Infortúnio!

A Sexta Linha é Yang e em lugar idealmente Yin - portanto atuando de forma não ideal para esta posição porque possui muita força, não tem limites em seu desejo de expansão (também porque Li, o Fogo, tem movimento ascendente intenso!), de dar continuidade às aventuras do Viajante, da Viagem, dAquele que Busca.  Tudo foi já alcançado na Quinta Linha e a Sexta Linha aponta para o fato de que a Consciência que podia potencialmente ter sido realizada na posição anterior parece não ter sido bem conquistada, bem realizada, bem conscientizada - e por isso o I Ching anuncia euforia desmedida, perdas, descuidos, lamentações e conclui: Infortúnio!

Li, o Fogo, é o Pássaro e o Incêndio.  O Ninho acontece ao alto do Hexagrama, da Arvore que pode ser vista através o Trigrama Nuclear Inferior, em Sun, o Vento, a Madeira:  O ninho do pássaro é incendiado. 

Primeiro o viajante ri, mas depois há de lamentar-se e chorar.  Por um descuido perde sua vaca. 

O riso do Viajante advém de Tui, o Lago, a Boca, a Alegria e é também realizado a partir da euforia da Linha Yang na Sexta Posição, em seu desejo de dar continuidade à Viagem e sem levar em conta que as metas da Viagem já foram alcançadas e bem realizadas na Quinta Linha: Primeiro o viajante ri.  Por isso, novamente Tui, o Lago, entra em cena enquanto a Retirada, a Conclusão dos eventos - por se posicionar no Oeste no Mapa do Mundo da Manifestação: mas depois há de lamentar-se e chorar.  Todas estas questões apontam para o fato de que algo que se encontrou e que pôde ser realizado, bem conscientizado, concretizado em suas metas, foi perdido - no descuido eufórico de continuidade infinita da Viagem que a Sexta Linha quer empregar: Por um descuido perde sua vaca.  O I Ching usou  a imagem da ‘vaca’ (advinda de Li, o Fogo) para apontar a perda bem materializada que acontece na Sexta Linha.


Atrás de si, a Sexta Linha deixa o Hexagrama Nuclear Ta Kuo, Preponderância do Grande.  Em Ta Kuo, vemos que o peso excessivo das Linhas Yang ao centro em relação às duas Linhas Yin nas extremidades, são um aviso de cautela.  Aparentemente, a Sexta Linha não lhe dá ouvidos - mesmo que seja a Linha do Sábio... porém Yang e idealmente incorreta, fazendo com que não atue de forma abnegada, bem ao contrário, fazendo com que sua aspiração seja a de continuar infinitamente sua Viagem...  O que é impossível, dentro do Mundo da Manifestação porquanto a lei maior é o eterno retorno, a eterna mutação.

Lao Tse, em seu Capítulo 64 nos diz:

Os homens, na realização das atividades
Sempre fracassam em suas quase conclusões.
Cautela tanto no fim como no princípio
Conduz à atividade sem fracasso.






Síntese de
A Montanha recebe o Fogo,
formando Lü, Viagem, Viajante, Aquele que Busca

A Montanha é algo que sempre ali esteve, sempre ali está e por muitos e muitos tempos, por quase sempre ali ainda estará: é a Quietude.  O Fogo é algo que se inflama rapidamente e se não tiver algo em que aderir, se esvai, some, desaparece, termina.

Por isso, vemos que a visita do Fogo à Montanha pode ser vista como uma visita e não exatamente, uma moradia.  Pode ser vista como um evento fugaz, efêmero, trazendo a contradição entre a Quietude da Montanha e sua quase eternidade e o movimento intenso e de ascensão plena do Fogo, em sua quase efemeridade.


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_______           Li, o Fogo, o Aderir
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___  ___           Ken, a Montanha, a Quietude

No entanto, é também certo que a Lucidez trazida pelo Fogo - o olho que a tudo vê, o espírito em ascensão - possa infundir expansão de mente ao Mestre que se encontra sentado em seu silêncio, a Montanha.

Portanto, mesmo que em fugacidade de ação, Fogo e Montanha se encontram e trocam benefícios, sem que um e outro percam seus movimentos próprios: na Montanha, o movimento de descenso; no Fogo, o movimento de ascendência.

Em Lü, O Viajante, A Viagem, Aquele que Busca, são reveladas questões como a transitoriedade e a eternidade, os desejos, as sensações, os comportamentos e o Absoluto do Tao.

Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 35 do Tao Te Ching:

Conservando a Grande Imagem
O mundo passa
Passa sem danos
Com tranqüilidade, serenidade e supremacia.

A música e as iguarias
Param o viajante
As palavras que nascem do Caminho
São insossas, carecem de sabor.

Olhar não é suficiente para vê-lo
Escutar não é suficiente para ouvi-lo
Usar não é suficiente para esgota-lo.


A Linha Governante em Lu, o Viajante, é a Quinta Linha, o lugar central do Trigrama do Céu, em Li, o Fogo, o Aderir, a Lucidez, os Olhos, é o lugar do Homem do Céu, aquele que tem, potencialmente, a consciência iluminada e por isso, pode governar o Hexagrama, mesmo sendo uma Linha Yin, porém sua maleabilidade é a razão maior  de sua importância devido ao fato de que o I Ching aconselha perseverança e humildade ao Viajante.  A perseverança traz boa fortuna ao viajante.

Os dois Trigramas Nucleares são Tui, o Lago, no Trigrama Superior, e Sun, o Vento, a Madeira, no Trigrama Inferior.  Encontramos, então, o Hexagrama  Ta Kuo, Preponderância do Grande, que avisa sobre a força existente no interior e a ausência de força no exterior ( duas Linhas Yin ocupando as posições Primeira e Sexta e quatro Linhas Yang ocupando o miolo do Hexagrama), fazendo com que as circunstâncias possam ser levadas a uma situação pouco agradável, em perdas e em cisões.






Créditos:

Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude – Lao Tsé
-- Todas as traduções dos Capítulos do Tao Te Ching, de Lao Tse, foram realizadas por Wu Jyh Cherng e podem ser encontradas no Livro do mesmo nome publicado pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil.  No prelo, encontra-se o Livro com as Interpretações de Cherng!  Aguarde!

Tradução e Interpretação do Capítulo 36 do Tao Te Ching, de Lao Tse, por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil, Rio de Janeiro, em 28 de março de 1995.  Transcrição e Síntese de Janine Milward


O I Ching, O Livro das Mutações
Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários de Richard Wilhelm
Tradução para o português de Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Correa Pinto
Editora Pensamento – São Paulo, Brasil


I Ching, Alquimia dos Números
Wu Jyh Cherng

Editora Objetiva - Rio, Brasil - Hoje publicado pela Editora Mauad, São Paulo, SP






O Fio da Meada


 I Ching do Caminho do Céu

Janine Milward

Direitos Reservados © 1997
Registro 142.090 Livro 230 Folha 433
Segunda Edição Revisada